Moda

Redeiras emocionam o público com trabalho empreendedor

Em desfile de moda, fruto de projeto financiado pelo Procultura estadual, artesãs da Z-3 mostraram a beleza do que produzem

Foto: Italo Santos - DP - Desfile expôs peças produzidas por artesãs

A manhã de sábado (11), ensolarada e com pouco vento, contribuiu para que a ação do projeto (Re)Mar - Redeira no mês da moda artesanal, na praia do Junquinho, na Colônia Z-3, fosse um sucesso. Cerca de 350 pessoas foram prestigiar o desfile de dez modelos vestindo peças artesanais produzidas pela Associação das Artesãs Redeiras do Extremo Sul. A proposta teve financiamento do Procultura, por meio do edital FAC Expressões Culturais, da Secretaria de Estado da Cultura (Sedac-RS).

Por cerca de 50 minutos dez jovens da comunidade da Z-3, selecionadas para participarem de oficinas de bem-estar e auto cuidados, proporcionados pelo projeto (Re)Mar, apresentaram os diferentes acessórios criados pelas artesãs, como bolsas, colares, pulseiras, brincos e até peças de vestuário. Produtos que resultam basicamente da utilização das redes de pesca descartadas pelos pescadores e pelas escamas da corvina.

As oficinas de moda e beleza, que começaram em fevereiro e culminaram com o desfile na praia, foram momentos especiais para a cuidadora e estudante Mariana Pestana Valente, 25. "Eles nos ensinaram os passos da maquiagem, sobre como arrumar o cabelo, foi bem legal. Aprendi a desfilar e a me maquiar, coisas que não tinha noção", fala a jovem, que foi convidada pela sogra, a artesã Viviane Ramos, 47, uma das redeiras e presidente da Associação.

Mariana também ajuda a cortar as redes para fazer os fios e até já se arrisca no tear, com incentivo da sogra. Feliz com toda a movimentação, Viviane relembra que nem as próprias artesãs acreditavam que o empreendimento iria dar tão certo, quando começaram há cerca de 15 anos. A artesã conta que nasceu em família de pescadores e chegou a ajudar os pais com o trabalho no pescado. Porém, hoje se dedica totalmente ao trabalho artesanal das Redeiras.

O projeto teve início com a necessidade das artesãs de terem materiais para divulgação dos seus produtos, conta a produtora cultural Yara Baungarten, da Imagina Conteúdo Criativo, responsável pela Produção Cultural e Executiva. "Elas conseguem fazer muitas vendas para o Brasil todo, chegam a exportar, mas não tinham um produto audiovisual que pudesse ser enviado para mostrar as peças", conta.

Foi então que surgiu a ideia de criar esse conteúdo em um desfile. "A partir disso foi crescendo o Mês da Moda Artesanal", explica Yara. "O conceito do projeto integra sustentabilidade, arte, artesanato, educação, ações informativas, neste mês elas tiveram oficinas de fotografia, para que elas possam fotografar tanto produtos, quanto a si mesmas", fala o também produtor cultural Rodrigo dMart.

Todas essas ações vão se desdobrar num produto audiovisual em inglês, português e espanhol para que a cultura e o artesanato local sejam mais facilmente exportados. "Integrando isso ao turismo, gastronomia e a indústria criativa", comenta dMart.

Yara ainda lembra que toda essa movimentação atrai olhares para a Colônia Z-3, o próprio evento deste sábado foi prestigiado por visitantes de diferentes cidades. "Tivemos o financiamento do Procultura e o apoio da prefeitura de Pelotas aqui para conseguirmos trazer pessoas para a Z-3 conhecerem a gastronomia local e os pontos turísticos", fala.

O projeto ainda não foi finalizado e já tem o interesse de outras cidades, incluindo de Porto Alegre, conta Yara. As propostas são de levar o desfile e as próprias artesãs para falarem deste do empreendimento Redeiras.

Inspiração para outras mulheres
A mestranda em Desenvolvimento Rural Mariana Mühlemberg Soares, 26, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), foi conhecer de perto o trabalho das Redeiras pelotenses e saiu encantada com o que viu. "Elas empoderam outras mulheres, são uma inspiração", disse a pesquisadora. A pesquisa da acadêmica, natural de São Lourenço do Sul, é sobre a contribuição das mulheres no sistema alimentar da pesca envolvendo questões de aproveitamento dos recursos oriundos dos pescados, incluindo o artesanato.

Mariana está ainda envolvida em um evento, em São Lourenço do Sul, que promoverá um encontro entre as mulheres da pesca, no dia 29 deste mês de março. "As Redeiras vão estar lá ensinando essas práticas artesanais a outras mulheres da pesca. São muito importantes iniciativas empreendedoras como essa, que além de ser uma fonte de geração de renda, expandem os horizontes dessas mulheres, que muitas vezes estão isoladas da sociedade", fala a pesquisadora.​

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